sábado, 2 de maio de 2009

IV

Tenho saudades de quando eras o meu super.
Sentava-me ao teu colo, ouvíamos música. Eu muito tosca perguntava-te: "O que é isto papá?" e tu respondias-me: "Isto é Pink Floyd/The Doors/Cream/Eric Clapton/Genesis/Jefferson Airplane/Led Zeppelin" (o que fosse). Depois sentava-me no chão, abria os teus cds, revirava os booklets. Via os desenhos, explicavas-me quem eram as pessoas, os teus heróis. O teu Clapton (que nunca percebeste como chegou até aos dias de hoje com a vida de excessos que levou), o Gilmour, o Waters, a Joplin, o Hendrix, a Slick, o Bonham, o Morrison, entre tantos. Metade vivos, metade mortos. Falavas-me da loucura dos anos 60 e 70, da tua própria vida. Nem imaginas como gosto das tuas histórias, apesar de já as repetires tantas vezes.
Depois, eventualmente iamos fazer corridas de carrinhos, com um "Dark Side of the Moon" a tocar por trás.

De tanto as ouvir contigo, tudo se tornou uma referência para mim (e ainda bem que assim foi). Graças a ti gosto de música como gosto, instruíste-me bem. Gostar tanto destas bandas fez-me perceber que és como eles. Viveste sempre no limite, agora pagas as consequências por isso.

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